Crosetto diz que NATO "não tem razão de existir"
O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, afirmou, esta sexta-feira, que a NATO “já não tem razão para existir” e que a União Europeia não tem peso no panorama internacional, avança o jornal Politico.
“Anteriormente, os Estados Unidos e a Europa eram o centro do mundo. Agora, há tudo o resto com que se deve construir uma relação”, afirmou Crosetto à margem de uma conferência em Pádua, acrescentando que “muitas vezes falamos como se ainda vivêssemos há 30 anos, mas tudo mudou”.
O ministro defende que a aliança militar falhou na sua missão original e que, por isso, “a NATO não tem mais razão de existir. “Se a NATO foi criada para garantir a paz e a defesa mútua, então deve tornar-se numa organização que assuma essa tarefa, envolvendo-se com o Sul [do mundo] e, assim, tornar-se algo profundamente diferente — ou assim não alcançaremos o objetivo de ter segurança dentro de regras que se aplicam a todos. A NATO precisa de se adequar aos novos tempos”, afirmou.
Sobre a União Europeia e as Nações Unidas, Crosetto garante que já não têm relevância na cena internacional. “Falamos da Europa como se fosse importante. Talvez outrora tivesse sido importante, se tivesse assumido um papel político que não assumiu, se tivesse dotada de uma política externa ou de defesa”, afirmou o governante, acrescentando: “O seu tempo acabou e digo isto com tristeza. O mundo mudou”.
[A polícia é chamada a uma casa após uma queixa por ruído. Quando chegam, os agentes encontram uma festa de aniversário de arromba. Mas o aniversariante, José Valbom, desapareceu. “O Zé faz 25” é o primeiro podcast de ficção do Observador, co-produzido pela Coyote Vadio e com as vozes de Tiago Teotónio Pereira, Sara Matos, Madalena Almeida, Cristovão Campos, Vicente Wallenstein, Beatriz Godinho, José Raposo e Carla Maciel. Pode ouvir o 5.º episódio no site do Observador, na Apple Podcasts, no Spotify e no Youtube Music. E o primeiro episódio aqui, o segundo aqui, o terceiro aqui e o quarto aqui]
As declarações do ministro da Defesa de Itália surgem antes da cimeira dos líderes da aliança militar em Haia, que se realiza no próximo dia 25 de junho, onde os 32 líderes vão discutir o apoio contínuo de Washington à defesa da Europa, depois de Donald Trump ter ameaçado deixar de proteger os aliados que não se comprometam a gastar 5% do seu PIB na defesa.
Entre os líderes presentes irá estar a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni. A Itália tem sido tradicionalmente um dos países que gasta menos dentro da aliança — embora o governo tenha afirmado que este ano atingirá a meta atual da NATO de gastar 2% do PIB em defesa.
O ex-primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, convocou, entretanto, uma contracimeira da NATO para um dia antes da cimeira dos líderes da aliança, na qual o PCP marcará presença. Conte, também presidente do Movimento Cinco Estrelas, apelou para que “todos os representantes políticos europeus se oponham à corrida ao armamento irresponsável” e se juntem no Parlamento neerlandês, onde o Partido Socialista dos Países Baixos os vai receber.
observador
